terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Tecnologia e inovação - A nuvem que vai mudar o varejo


Escrito por  Alexandro Cruz
Ao mudar a percepção, passando a encarar infraestrutura e software como serviço e não mais como ativo, varejo começa a prestar atenção no cloud computing
O crescimento a taxas anuais superiores a 20% do e-commerce no Brasil não traz apenas boas notícias. Desde que esse modelo comercial tomou força no País, surgiram sérios problemas com a prestação de serviços, especialmente em acesso limitado nos sites em sazonalidades ou a entrega de mercadorias com atraso.
Muitos desses transtornos decorrem por falta de planejamento ou desconhecimento de ferramentas tecnológicas que auxiliam na gestão. E aqui o serviço de cloud computing – ou computação em nuvem – aparece como solução para agilizar processos e melhorar a gestão, sem que para isso sejam necessários investimentos em hardware ou ampliação de capacidade de armazenamento (tudo é feito remotamente e arquivado na internet). A solução, oferecida nos modelos comerciais de Infrastructure as a Service (IaaS), Platform as a Service (PaaS) ou Software as a Service (SaaS), é palpável a qualquer realidade varejista. Para o diretor de software da Bematech, Antenor Gomes Neto, “além das grandes empresas, é atrativo para o pequeno varejista em função do custo e agilidade”, sintetiza.
Luis Fernando de Melo Gripp, gerente de pré-vendas da NeoGrid, relaciona outras vantagens: não há necessidade de investimento em manutenção do parque de máquinas, plataformas tecnológicas, segurança ou softwares. “A responsabilidade pela garantia de disponibilidade de serviços é toda da prestadora de serviço.”
O investimento inicial é baixo, outro ponto positivo para as empresas de pequeno porte. Especificamente o modelo SaaS é útil para qualquer tipo de aplicação que esteja sujeita a variações de demanda, como 
e-commerce, site institucional ou até mesmo ferramentas de gestão (ERP, CRM etc.). Há apoio também na gestão de folha de pagamento, ferramentas de avaliação de desempenho e help desk. Tudo sem o investimento em infraestrutura.
Nuvem para todos
O formato de aquisição de um projeto em nuvem é acessível às pequenas e médias. Antes, para trabalhar com o mercado on-line, era necessário realizar investimentos altos em softwares e, principalmente, em infraestrutura. Os projetos traziam dificuldades aos gestores no processo de conseguir adequar o planejamento estrutural para esse tipo de escopo e o ROI demorava muito.
Conforme afirma o gerente de produtos da Locaweb, Dov Bigio, a prestação de serviços em cima de um ambiente cloud está se popularizando no Brasil. “Em termos de custos, utilizar um servidor em cloud geralmente é mais barato, até porque você paga apenas pelo recurso consumido”, explica.
A diferença está baseada no modelo de aquisição dos serviços, que vem sendo oferecido de forma customizada. Os donos das empresas, comerciantes e empreendedores, em geral, não querem se preocupar com a infraestrutura de TI. “Há o benefício de ser flexível e acompanhar o crescimento de demanda em datas comemorativas”, enfatiza o executivo da Locaweb.
Os gastos com a manutenção e atualização de hardware e software também saem da agenda do varejista. Como afirma Jean Carlo Klaumann, diretor-geral da unidade de sistemas da Linx, durante o desenvolvimento de um projeto em cloud computing o investimento é basicamente com o link de internet e com o provedor do serviço. “O lojista deixa de arcar com gastos referentes à instalação, configuração e manutenção de sistemas e servidores, que passam a ser do prestador”, diz.
Em contrapartida, Neto, da Bematech, alerta que é necessário escolher empresas prestadoras com especialidade e processo de venda consultiva, normalmente de maior valor agregado com ciclo de venda longo. Bigio, da Locaweb, também aponta que, hoje, o principal desafio para a implantação de qualquer projeto de desenvolvimento de uma nova plataforma é a qualidade da equipe técnica. “Implementar uma plataforma de cloud envolve a atuação de diversas equipes, como desenvolvimento, redes, storage, data center etc.”, diz.
Está ficando bom, mas ainda precisa melhorar
Klaumann, da Linx, avalia que a adoção entre as pequenas e médias varejistas ainda é bastante tímida, cerca de 10%, se comparado aos mercados mais maduros, que chega a 60%.
A baixa aderência está ligada ao medo da mudança na gestão e a desconfiança dos empresários com os serviços on-line. “O maior desafio quando falamos de cloud computing ainda é a barreira cultural em relação à segurança. Mesmo com a adoção das mais modernas tecnologias, algumas empresas ainda têm receio em disponibilizar seus dados na nuvem” sintetiza Klaumann. Já Gripp, da NeoGrid, é mais enfático ao apontar que esse medo é infundado. “Dados hospedados internamente não estão necessariamente mais seguros”, diz.
O cenário é de amadurecimento. “Muitas empresas que ainda mantém infraestrutura própria e software instalado localmente estão migrando para a nuvem e irão preferir tratar software e infra como serviço e não como ativo”, prospecta Bigio, da Locaweb.

Nenhum comentário:

Postar um comentário