sábado, 20 de abril de 2013

Conheça o potencial da nuvem para as empresas


De que forma pode a computação em nuvem ajudar as empresas portuguesas? Saiba o que dizem os fornecedores.
‘cloud computing' ou computação na nuvem, de acordo com todas as empresas que fornecem serviços na ‘cloud' e também vários clientes destes serviços com quem falámos, não será uma moda passageira no mundo das tecnologias de informação (TI), mas sim uma revolução ao nível da Internet. Aliás, sem uma a outra não existiria.
Apesar de a ‘cloud' em Portugal estar cerca de dois anos atrasada face aos principais países europeus e estes, por sua vez, também atrás dos Estados Unidos, na mesma medida, as empresas têm já ao seu dispor todos os serviços de ‘cloud computing' existentes. E, devido à redução de custos que permite, a opção por estes serviços está a crescer com a crise.
Miguel Allen Lima, CEO da Hubgrade e Knewon, empresas do grupo Oni, salienta ainda que "o ‘cloud computing' representa uma oportunidade importante para as empresas portuguesas se expandirem internacionalmente. Especialmente numa altura que o mercado interno se encontra em contracção e há uma grande necessidade de se dinamizar a economia, os serviços de ‘cloud', por não terem fronteira, são oportunidades de exportação".
As preferências das empresas vão essencialmente para o ‘cloud storage' - Infrastructure-as-a Service (IaaS), o Software-as-a-Service e as Platform-as-a-Service (PaaS), mas já há inúmeras soluções na nuvem, como as Unified Communications aaS, o Desktop aaS, ou Recovery aaS.
Cada vez mais os serviços de TI na ‘nuvem' estão a tentar responder às necessidades das várias empresas e clientes particulares. Muitas vezes, são as próprias empresas fornecedoras de ‘cloud computing' que se tornam as primeiras clientes de outras ‘cloud service providers'. Como é o caso da Wavecom com a Lunacloud, ambas nacionais.
A Wavecom desenvolveu uma plataforma de voz na ‘cloud' (central telefónica na nuvem), sendo a Zon um dos clientes, e contratou os serviços de ‘datacenter' (IaaS) da Lunacloud, empresa que ganhou o Portugal EuroCloud Award em 2012 para a melhor ‘startup' e que quer ser um fornecedor global, tendo já operações em Inglaterra e França e estando em processo de se iniciar na Rússia. Aliás, "o serviço que gera mais tráfego na ‘cloud' é de facto a voz", refere Rui Marques, director-geral da Wavecom.
O que querem as empresas
O mercado português de ‘cloud computing' tem crescido a um ritmo muito acelerado, com o conceito a estabelecer-se como prioritário para as empresas.
"A aposta da ‘cloud' tornou-se generalizada, ou seja, tanto as microempresas, como as PME e as grandes empresas já apostam nesta tecnologia. A nível das microempresas e das PME, esta aposta surge na necessidade de agilizarem a empresa através do menor investimento possível. Já nas grandes empresas, que continuam a usar maioritariamente soluções ‘on-premise', são sobretudo os departamentos específicos a apostar na ‘cloud', pois esta oferece uma solução e flexibilidade viáveis para colmatar as necessidades deixadas em aberto pelas restantes aplicações sem terem de efectuar um grande investimento", salienta Céu Mendonça, directora comercial da PHC Software.
O CEO da Lunacloud, António Miguel Ferreira, exemplifica: "a ‘cloud' está para as tecnologias de informação como a rede de distribuição de água para o consumo de água (...). Há 50 anos, cada um produzia água a partir dos poços que tinha em casa. Hoje em dia abrimos a torneira e consumimos a água de que necessitamos. Não temos que construir e manter um poço em funcionamento".
Mas há também desafios, "situam-se nas áreas de segurança e privacidade de informação, de alguma forma relacionadas, onde terá que existir sempre um balancear entre os benefícios versus risco, embora estas questões num caso de uma ‘cloud' privada estejam logo bastante mitigadas pela própria definição do modelo. Outro factor ainda a ter em conta diz respeito aos dados, aspecto fundamental, pois existem hoje em dia por exemplo condicionantes legais, sobre a sua movimentação e localização que diferem por vezes de país para país e que podem ser um factor limitador", diz José Ferraz, Senior Solution Strategist da CA Technologies.
Sete temas chave de um conceito que ainda causa dúvidas
1 - Redução de custos
De acordo com a Knowledge Inside, há redução de custos e de tempo de gestão dos sistemas de informação por parte do cliente. Também há custo ajustado à utilização real; dispensa de investimentos iniciais avultados na aquisição de infraestrutura de TI.
2 - Sem problemas com manutenção
Joaquim Santos, da Ericsson, destaca "a "elasticidade" de armazenamento e o facto de não haver problemas com a manutenção ou as actualizações, que ficam a cargo fornecedor de serviços.
3 - Empresas podem ter computadores menos potentes
"Como seria interessante os utilizadores não terem necessidade de ter computadores "potentes" nem terem de se preocupar em substituí-los regularmente para continuar a ter máquinas com bom desempenho", considera Joaquim Santos, Chief Technology Officer Ericsson Portugal. Uma vantagem para as empresas, que têm assim de gastar menos em computadores.
4 - Acesso em qualquer lugar e de qualquer aparelho
"Acreditamos que o ‘cloud computing' vai ter um grande impacto (positivo) na vida pessoal e profissional", afirma a Mainroad. No fundo, considera, esta ajuda a "permitir que grandes volumes de dados sejam analisados e acedidos quando e onde precisamos".
5 - Menos tempo para colocar serviços no mercado
Também há vantagens para os operadores de comunicações. "A eficiência que advém da forma flexível como os recursos de rede são utilizados, permitindo um menor tempo de colocação no mercado dos serviços e aplicações uma vez que podem ser desenvolvidos e testados mais rapidamente num ambiente ‘cloud', onde a inovação é baseada no facto de as redes serem abertas a outros fornecedores de aplicações que não apenas aplicações de telecomunicações", considera a Ericsson.
6 - Os desafios
Pedro Magalhães, da Schneider Electric, considera que "colocar os nossos dados críticos na ‘cloud' levanta várias questões desde a segurança dos dados, à sua confidencialidade e não menos importante, à sua disponibilidade", questões que muitas vezes fazem suscitar "alguma desconfiança nos potenciais utilizadores, nomeadamente quanto à posse, controle e integridade da informação, a sua localização geográfica, enquadramento legal do local onde vão residir fisicamente os nossos dados e ainda a questão de assegurar que uma determinada informação, uma vez apagada é removida efectivamente do registo físico que a suporta".
7 - Localização de Portugal pode ser vantagem
A APC by Schneider Electric considera que "a característica de baixa latência, ou seja, de rápida conectividade é uma das mais valia que Portugal ainda não explora de forma consistente com a sua localização geográfica, no que respeita à confluência de cabos submarinos inter-continentais em Lisboa e que nos pode transformar numa plataforma, apenas comparável aos grandes centros de dados Tier1 em Londres ou Amesterdão".
Nota: artigo publicado no suplemento especial da edição de 17 de Abril do Diário Económico

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