sábado, 2 de março de 2013

Computação na nuvem: Qualidade só se percebe quando dói

Um dos pontos críticos na relação fornecedor x cliente é a discussão sobre o nível de serviço ofertado. Governança, padrões e regras claras são itens cruciais para o bom funcionamento do ecossistema. Mas a diluição da responsabilidade - um dos pontos da computação na nuvem - aguça a questão. Vai melhorar ou piorar? 

O tema foi um dos debatidos durante painel sobre Computação na nuvem - intermediado pelo Convergência Digital - no Futurecom 2012. Bastante direto, o diretor de Negócios de Serviço da NEC Brasil, Pedro Mouradian, foi taxativo: "qualidade só se se percebe quando dói". Para o executivo, há espaço para melhorar os acordos de níveis de serviços, mas diz que esse é um trabalho para todo o ecossistema, inclusive, o próprio usuário. "As regras precisam ficar muito claras para separar o que é expectativa o que é compromisso de fato", destaca.

Argumento também colocado pelo diretor de vendas da IBM, Sérgio Xavier de Brito. Segundo ele, para evitar os atritos, a melhor estratégia é definir, exatamente, a expectativa do cliente. "Essa é a maior habilidade que temos de ter quando falamos em oferta de serviços", avalia.

O dimensionamento, frisa Paulo Torres, da PromonLogicalis, é a fórmula idela para garantir a qualidade. "Não existe mais um desafio tecnológico. Esse foi superado, o que é há é a obrigação de dimensionar o uso. Essa é a etapa que precisa ser cumprida".

A ducha de água fria no tema qualidade de serviço foi dada pelo presidente do Serpro, Marcos Mazoni. Segundo ele, a promessa de SLA em 99,9999% pode ser 'muito legal', mas não funciona, por exemplo, para a estatal, que tem por direito parar apenas um dia no ano.

E quando ela acontece num dia ruim - como aconteceu - pode causar grandes problemas. Mazoni contou que já parou no dia 01, onde acontece 90% dos fluxos da área de comércio exterior. "Fui lembrado pelo ministro do Desenvolvimento. E quando a gente é lembrado é porque não funcionou".

No imposto de renda, acrescentou, com 9 Giga de circuitos contratados junto às teles para garantir a infraestrutura de rede, foi necessário 'derrubar' um deles e discutir SLA. Mazoni disse que para a tele, o circuito estava no 'ar', portanto funcionando. Mas, ao mesmo tempo, estava com 100% de sujeira - sofrendo ataques de negação de serviços por parte dos crakers. "Derrubei e a tele sustentou que cumpriu o SLA".

Mazoni foi além: "Sendo otimista, vou dizer. A questão da qualidade vai piorar. Cloud dilui a responsabilidade. Estamos transferindo responsabilidades para o usuário final. E isso tem um preço. O acerto não pode mais ser feito entre nós provedores, mas tem que levar em conta o usuário", completou. Assista o debate sobre qualidade de serviços na nuvem, realizado no Futurecom 2012.


Convergência Digital - Hotsite Cloud Computing 
:: Ana Paula Lobo e Pedro Rodrigues :: 25/10/2012
Fonte: ConvergenciaDigital

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